Efeitos da poluição aquática


          A poluição dos cursos de água doce e dos mares tem consequências nos organismos vivos que habitam esses ambientes. Essas consequências sentem-se com maior intensidade consoante o grau de poluição.




        A poluição das águas leva a que o meio ambiente sofra varias alterações. Vamos passar a explicar três alterações que ocorrem no meio ambiente.

Carência bioquímica de oxigénio

    
     Um dos efeitos da poluição da água é a carência bioquímica de oxigénio (CBO). Este efeito consiste na quantidade de oxigénio dissolvido na água, expressa em mg/L, que é consumido durante a decomposição aeróbia (consumada pelos microrganismos) das substâncias biodegradáveis presentes na água.

    Quando ocorre uma descarga de matéria orgânica num rio (este efeito só ocorre em rios), os organismos decompositores aeróbios vão transformar os compostos orgânicos complexos, em compostos mais simples, ou seja, vão degradar os compostos complexos.
   Para ocorrer esta transformação é necessário oxigénio, este vai ser utilizado pelos decompositores.  Quanto maior for o número de nutrientes (matéria orgânica no rio), maior vai ser a concentração de oxigénio utilizado, o que vai causar a diminuição da concentração de oxigénio dissolvido e consequentemente um aumento da carência bioquímica de oxigénio (CBO) (fig:1).
    Uma consequência da diminuição da concentração de oxigénio dissolvido é a morte de peixes e outros seres vivos. Isto acontece porque a maior parte dos seres vivos aquáticos não consegue viver em águas pouco oxigenadas.
   O facto de os seres vivos começarem a morrer vai levar ao aumento da comunidade saprófita (decompositores), pois se a matéria orgânica aumenta é necessário mais decompositores para a decompor.
    No entanto, quando a quantidade de oxigénio presente é quase inexistente, o decompositores anaeróbicos continuam a degradação da matéria orgânica.





Figura 1: Variação da CBO e do oxigénio dissolvido após a descarga de um efluente num curso de água

      Em laboratório a qualidade da água é considerada através da quantidade de oxigénio dissolvido na água. Ou seja, através da percentagem de oxigénio dissolvido na água podemos concluir se a água esta poluída ou não. Na figura 2 podes observar isso.



Figura 2: Qualidade da água em função do oxigénio dissolvido



Bioampliação


        Antes de abordarmos a bioampliação temos de ter uma noção do que é a bioacumulação pois, esta relaciona-se com a bioampliação.
       A bioacumulação é apenas a absorção e o armazenamento de substâncias tóxicas, resultantes de actividades antrópicas, em determinados tecidos e órgãos dos seres vivos. Atingindo nesses organismos concentrações, de substâncias tóxicas, muito elevadas.
     O fenómeno de bioampliação ocorre quando há um aumento dos valores da concentração de um dado poluente ao longo dos vários níveis trófico de uma cadeia alimentar.




Figura 3: Os efeitos da bioampliação nas cadeias alimentares


         Na figura 3 podes observar o aumento da concentração de DDT (uma substância tóxicas) ao longo da cadeia alimentar. Sendo o último nível trófico o mais atingido, ou, seja, o que tem maiores concentrações de DDT acumulados nos seus tecidos e órgãos.
        Estas concentrações podem levar a morte de espécies,  provocando problemas na cadeia alimentar e até mesmo a extinção de espécies.




Eutrofização

        Os lagos, as lagoas e as albufeiras, por apresentarem fluxos de água muito lentos, são mais sensíveis à poluição ultrapassando-a com mais dificuldades.
        Um dos fenómenos mais frequentes que ocorre nos lagos é a eutrofização, que consiste no enriquecimento de nutrientes nesses ecossistemas.



Imagem 1: Um logo eutrófico
       
        Durante o processo de eutrofização existe um conjunto de alterações que um lago pode sofrer.
       O escoamento de zonas diversas de nutrientes (matéria orgânica) é responsável pelo aumento da concentração de nitratos e fosfatos nas águas dos lagos. A presença em excesso destes permite o desenvolvimento de certos organismos, nomeadamente algas (superficiais) e cionabacterios, que se localizam a superfície de água. Este desenvolvimento vai aumentar a turbidez da água, dificultando o acesso da luz solar as zonas mais profundas, causando a morte de algas, do fundo do lago, por não realizarem a fotossíntese. A morte das algas (do fundo do lago) vai aumentar a comunidade de decompositores no lago, que vão utilizar o oxigénio para fazer a decomposição. Quanto maior for a comunidade de decompositores maior será o oxigénio utilizado e maior será a carência bioquímica de oxigénio. Isto leva a morte de outros animais que não conseguem viver em águas pouco oxigenadas e que não têm alimento. A morte desses animais leva à proliferação de bactérias anaeróbicas, as quais produzem substâncias tóxicas e com mau cheiro. O lago torna-se altamente poluído.




Figura 4: Processo da eutrofização

      Este processo de eutrofização só ocorre se a entrada de nutrientes no lago for repetida ao logo de algum tempo. Se pelo contrário, se ocorrer uma única vez e uma quantidade pequena de nutrientes, o lago volta ao seu estado normal através do processo de auto depuração.
     A eutrofização só ocorre em lagos, lagoas e albufeiras. Em rios é mais improvável ocorre pois as correntes de água não deixa as algas “instalar-se” na superfície da água.
     A eutrofização pode ser natural ou acelerada (cultural).
Natural – demora centenas de anos a ocorrer, e está associada aos processos naturais de evolução dos ecossistemas.
Acelerada (cultural) – resulta de um progressivo enriquecimento em nutrientes das massas de água devido as actividades antrópicas.





       Para impedir que a eutrofização ocorra nos lagos há medidas correctivas:
- Bombeamento de ar nos lagos;
- Controlo do crescimento de algas nos lagos por recurso a algicidas ou por remoção mecânica.

     Em Portugal, muitos ambientes de água doce, como lagos, lagoas e albufeiras, apresentam níveis de eutrofização muito elevados. As albufeiras são muitas vezes utilizadas como zonas de captação de água destinada a consumo Humano. Tal facto obriga à adopção de medidas de vigilância e monitorização de certos paramentos por parte de entidades responsáveis pela distribuição da água à rede pública.


Imagem 2 - Entrada de nutrientes no lago